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Toddynho com detergente?

Origem: Postagem intitulada “Caso Toddyinho custará R$420 mil de indenização à Pepsico” realizada na revista EXAME em 21/08/2016.


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Postagem:

 

Texto-resposta:

A revista Exame republicou em Ago/2016 uma notícia de 2011 sobre um problema de contaminação por detergentes em um lote (com aproximadamente 80 unidades) da bebida Toddynho 200ml, L4 32, com data de validade de 19/02/2012. Os consumidores que ingeriram a bebida desse lote apresentaram mal-estar e ardência na mucosa da boca.


Assim como estamos suscetíveis a contaminações em nossas residências, na indústria não é diferente. Em casa, por exemplo, podemos comumente presenciar a contaminação biológica por bactérias e fungos quando deixamos carne bovina fora da geladeira por muito tempo ou mesmo quando deixamos o pão em contato com ar por um longo tempo. Já na indústria, é mais comum acontecer a contaminação química, como a que foi noticiada. Nesse caso, a contaminação se deu durante o processo de higienização e limpeza das tubulações, uma vez que é constante o aparecimento de resíduos gerados pela bebida láctea que ficam incrustados nessas tubulações. Eles podem propiciar um ambiente ideal para a proliferação de fungos e bactérias.


Nesse sentido, a indústria utilizou um produto químico popularmente conhecido como Soda Cáustica (NaOH) para a limpeza da tubulação. Em casa, utilizamos, por exemplo, a água sanitária, um sanitizante que serve para a limpeza de ralos, vasos sanitários, etc. Porém, por alguma falha mecânica ou humana, houve o contato entre esse produto químico e a bebida láctea que acarretou problemas em pessoas que as ingeriram.


Se você quer saber mais sobre o tema, então, o texto abaixo vai tirar suas dúvidas.


Toda fabricação de alimentos é regulamentada no Brasil pela RDC 275, na qual preconiza-se o cumprimento de normas chamadas de Boas Práticas de Fabricação (BPF) de Alimentos, das quais fazem parte o controle das condições higiênico-sanitárias e a prevenção de acidentes e contaminações.


Nesse sentido, pelo fato do Toddynho ser uma bebida achocolatada láctea rica em açúcares, gordura, leite, água, alguns minerais (ex: Cálcio) e vitamina, faz-se necessária a aplicação das BPF devido à geração de resíduos os quais caso não sejam removidos, ficarão encrustados nas tubulações. Isso acarretará, portanto, uma alta carga desses resíduos com alto valor nutritivo advindos da própria matéria-prima utilizada na produção dessa bebida, tornando-se um meio de cultura propício para a proliferação desses micro-organismos.


Assim como nas residências, o sanitizante à base de cloro, comumente chamado de água sanitária, é amplamente empregado para a higienização de ralos, vasos sanitários e limpezas no geral. Na indústria, também se utilizam produtos químicos, como a soda cáustica (NaOH), um agente alcalino, para a completa higienização e limpeza das tubulações por onde passa a bebida láctea.


Nesse contexto, a higienização dessas tubulações industriais, que são confeccionadas, na maior parte das vezes, por aços inoxidáveis que são considerados higiênicos, é realizada através do sistema CIP (Cleaning in place) que ocorre em 5 etapas. Neste tipo de limpeza, a água e os produtos químicos circulam através de tubulações e equipamentos interligados a uma central que, através de circuitos eletrônicos, controlam parâmetros como tempo, temperatura e pressão. Esse procedimento assegura que as soluções entrem em contato por tempo suficiente e com ação física mínima para uma limpeza adequada. Após o término da limpeza e higienização, o fluxo de bebida láctea é colocado novamente na tubulação, dando prosseguimento aos demais procedimentos. Nesse sentido, segue abaixo um fluxograma das etapas básicas desse processo de higienização e limpeza das tubulações:

Figura 1. Etapas do Processo de Limpeza e Higienização

Figura 1. Etapas do Processo de Limpeza e Higienização

  1. Pré-lavagem: Remoção de partículas visíveis.

  2. Lavagem: Remoção do material orgânico através de agentes químicos.

  3. Enxágue: Remoção dos resíduos da lavagem, com uso de circulação de água.

  4. Sanitização: Redução de micro-organismos.

  5. Enxágue Final: Remoção dos resíduos de agentes sanitizantes.

Dessa forma, apesar de a fábrica onde se produz o Toddyinho seguir as normas de BPF e a APPCC, além de haver um controle e fiscalização de produção pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), falhas humanas ou mecânicas podem ocorrer. Entretanto, todos os procedimentos de higienização e limpeza dentro de uma indústria de alimentos são feitos de forma metódica e rigorosa a fim de impossibilitar qualquer tipo de erro.


Este foi um caso pontual, no qual a empresa Pepsico providenciou o recolhimento do lote do achocolatado que apresentou problemas e está em processo de indenização dos consumidores que foram prejudicados. Em nota ao jornal online Folha de São Paulo, a Pepsico disse que: “... está tomando as “medidas cabíveis” sobre o caso e recomendou que os consumidores que adquiriram o produto desse lote não consumam a bebida. A orientação é procurar o serviço de atendimento ao cliente da empresa pelo telefone 0800-7032222.”


Cabe ressaltar que, se você, consumidor, perceber qualquer tipo de alteração incomum nos alimentos que comumente consome procure entrar em contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da empresa, no caso, a PepsiCo, relatando o ocorrido, onde o(a) atendente auxiliará o consumidor a tomar determinadas atitudes, tais como: guardar a embalagem, tirar fotos do produto, anotar o lote, data de validade, tirar foto da nota fiscal (se possível), verificar o fabricante. A empresa, de posse dessas informações, deverá proceder com o recolhimento do lote e informar os órgãos sanitários sobre as medidas de proteção da saúde do consumidor. As informações sobre o alimento em questão serão importantes caso seja necessária uma ação judicial contra a empresa. Em casos mais graves, ou seja, de o consumidor ter que se dirigir a um hospital por conta da ingestão do produto, o ideal é que se guarde os laudos médicos e acione a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) cujo número de telefone é 0800 642 9782 para que ela tome as providências cabíveis e necessárias diante do problema.

 

Referências Bibliográficas:

BRASIL (2002). Resolução-RDC Nº 275, de 21 de outubro de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União, 2002. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/legislacao > Acesso em: 05 Set 2017.

GERMANO, P.M.L.; GERMANO, M.I.S. Higiene e Vigilância Sanitária dos Alimentos. São Paulo: Varela. 2003. ANDRADE, N.J.




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