Cera na maçã?
Origem:
Vídeo publicado por uma consumidora intitulado “maçã da Mônica com cera” no site do Youtube
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=2Z2UvhXdqQI> Acessado em: 04/11/2017
Postagem:
Texto-resposta:
No vídeo, publicado pela consumidora, ela mostra a existência de uma cera na superfície da maçã, da marca “Turma da Mônica”, e dá a entender que isso é algo prejudicial a quem vai consumi-la. No entanto, essa cobertura, que não é necessariamente uma cera, é aplicada em determinadas frutas, na etapa do pós-colheita, de forma que não altere aparência, aroma e sabor da fruta. A aplicação da cobertura tem como objetivos principais: preservar a cor, a textura e o valor nutricional do alimento, além de evitar a perda ou o ganho excessivo de água, culminando, assim, em um prolongamento no prazo de vida da fruta. Essa cobertura aplicada à fruta não é nociva à saúde e é comestível, uma vez que já é produzida com componentes extraídos de outros alimentos de origem vegetal ou animal.
Para quem se interessar em saber um pouco mais sobre, segue abaixo um texto sobre o assunto.
Frutas, em especial as tropicais, têm um acelerado processo de maturação e deterioração por conta do clima em que estão situadas, como é o caso do Brasil, e por conta das mudanças bioquímicas e fisiológicas às quais estão suscetíveis. Então, uma das maneiras de ajudar em sua conservação é a aplicação de revestimentos ou coberturas comestíveis. A cobertura comestível prolonga a vida útil das frutas, pois retarda o processo de amadurecimento das mesmas, por reduzir o processo de transpiração (perda de umidade) e respiração (trocas gasosas) das frutas. Dessa forma, preserva a cor, o aroma, o sabor e a textura da fruta por maior tempo.
A aplicação da cobertura comestível na superfície dos frutos é realizada no processo de beneficiamento dos mesmos. As frutas após serem colhidas no campo são levadas a indústrias de beneficiamento antes de serem comercializadas em hortifrútis e supermercados. Nesses locais, elas são selecionadas, higienizadas, classificadas e acondicionadas. Nesse processo, após a classificação, elas podem ou não receber a aplicação das coberturas comestíveis. A aplicação pode ser realizada por meio de duas técnicas: imersão ou aspersão.
Na imersão, o fruto é imerso em uma solução com as substâncias formadoras da coberta, e na aspersão essa solução é aspergida (borrifada) sobre a superfície do fruto. Nas duas técnicas, o fruto passa por um breve período de repouso para que a água da solução seja evaporada e a película seja formada na superfície do fruto. Os compostos mais utilizados na elaboração desses revestimentos comestíveis são compostos extraídos de outros alimentos: as proteínas (proveniente da gelatina como o colágeno, a caseína, a albumina do ovo, o glúten de trigo, a zeína e as proteínas miofibrilares), os polissacarídeos (amido e seus derivados, pectina, celulose e seus derivados, alginato e carragéna), os lipídios (monoglicerídeos acetilados, ácido esteárico, ceras e ésteres de ácido graxo) ou a combinação destes compostos.
Portanto, o objetivo de aplicar um revestimento comestível, tal como foi aplicada na maçã da consumidora, é o prolongamento do prazo de vida dessa fruta. Além disso, por serem substâncias extraídas de outros alimentos de origem animal ou vegetal, são próprias para o consumo e não acarretam prejuízos à saúde de quem as consome.
Referências Bibliográficas:
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