Sucralose: um edulcorante de orgiem natural?
Origem:
Vídeo da propaganda da marca Zerocal intitulado “Zero Cal Sucralose” no site do Youtube.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=MqcR5vbHsuA> Acessado em: 20/10/2017
Postagem:
Texto-resposta:
Na propaganda feita pela marca Zero Cal, a apresentadora Tatá Werneck diz que a sucralose é um edulcorante, ou popularmente chamado de adoçante, de origem natural. Entretanto, há um equívoco em relação a essa afirmação, já que a sucralose é um adoçante sintético ou artificial. Ela é produzida a partir da sacarose (associação de uma molécula de glicose com uma de frutose), sendo a sacarose um açúcar natural. A sacarose (açúcar de mesa) pode ser extraída, por exemplo, a partir da cana de açúcar ou da beterraba. Nesse sentido, o roteiro da propaganda deveria ser alterado, a fim de transmitir informações corretas ao consumidor sobre o produto o qual será comercializado.
Para quem se interessar em saber um pouco mais a respeito de edulcorantes, em especial, a sucralose, segue abaixo um texto sobre o assunto.
Os edulcorantes ou adoçantes são produtos capazes de adoçar um alimento em substituição ou em adição ao açúcar naturalmente presente ou adicionado aos alimentos. Os edulcorantes podem ser classificados como naturais ou sintéticos (artificiais).
Existe um grande número de compostos capazes de produzir o sabor doce, no entanto, só alguns entre naturais e sintéticos são permitidos em alimentos de acordo com a RDC nº 18, de 24 de março de 2008, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que dispõe sobre o "Regulamento Técnico que autoriza o uso de aditivos edulcorantes em alimentos, com seus respectivos limites máximos". Alguns deles são: Acessulfame (sintético), Aspartame (sintético), Ciclamato (sintético), Sacarina (sintético), Sucralose (sintético), Taumatina (natural), Dulcosídeos (natural), Esteviosídeo (natural), Xilitol (sintético).
Além disso, para que possa ser considerado um bom edulcorante, seja de origem sintética ou natural, ele deve ser possuir algumas características como:
solubilidade em água;
ser mais doce que a sacarose;
ter resistência ao aquecimento (pasteurização e esterilização);
possuir estabilidade em pH entre 3 e 7.
Segue abaixo uma tabela relacionando alguns edulcorantes, permitidos para a comercialização, com suas respectivas características
Figura 1. Características de alguns edulcorantes
Fonte: PAULO A. BOBBIO (2001)
A sucralose, o adoçante comercializado pela Zero Cal, foi sintetizada pela primeira vez no ano de 1976, a partir de um processo patenteado por um grupo de pesquisa em uma universidade de Londres (Inglaterra), sendo liberada para consumo humano a partir do ano de 1998 nos Estados Unidos e nos anos subsequentes para outros países. É uma substância organoclorada cíclica e, de acordo com a tabela acima, é um edulcorante não calórico de origem sintética. Sua síntese é baseada na substituição de três hidroxilas (grupos OH) por três átomos de cloro (grupos Cl) na molécula da sacarose, que esta sim é um açúcar de origem natural. A sucralose possui um gosto mais doce que a própria sacarose (açúcar comum), cerca de 400 a 600 vezes mais.
Figura 2. Molécula de Sucralose
Fonte: LEHNINGER (2014)
Portanto, faz-se necessária que a propaganda feita pela marca Zero Cal altere seu roteiro para que possam transmitir as informações corretas acerca do produto garantindo mais credibilidade não só dos consumidores, mas também de especialistas no assunto. O fato de a sucralose ser produzida a partir de um açúcar natural (sacarose) não faz com que ela seja natural. E dizer que ela é “de origem natural” pode confundir os consumidores, já que ela é reconhecida pela comunidade científica como um adoçante artificial permitido para consumo.
Referências Bibliográficas:
BOBBIO, P.; BOBBIO, F. Química de Processamento de Alimentos. 3. Ed. Campinas: Livraria VARELA, 2001. p. 124-125.
BRASIL (2008). Resolução-RDC Nº 18, de 24 de março de 2008. Regulamento técnico que autoriza o uso de aditivos e edulcorantes em alimentos, com seus respectivos limites máximos. Diário Oficial da União, 2008. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/ > Acesso em: 20 Out 2017.
MAGNUSON,B. Critical review of the current literature on the safety of sucralose. Food and Chemical Toxicology, Campinas, v.106, n. 2, p. 324-355, mar/ago. 2017.
